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GSS Nyanya Students
Alunos da Government Secondary School, Nyanya, Abuja, a caminho de casa após o fim do dia de aulas, captados no portão da escola. Fotografia obtida por Equitable Medicaid and Clinical Research, 22 de outubro de 2024.

O impacto da caminhada no desempenho académico nas escolas secundárias públicas nigerianas

Na Nigéria, muitos alunos que frequentam escolas secundárias públicas enfrentam um desafio significativo que afecta o seu desempenho académico: percorrer longas distâncias até à escola. Esta questão, que muitas vezes passa despercebida, pode ter um impacto direto no desempenho dos alunos nos seus estudos. Este artigo centrar-se-á na forma como as deslocações a pé afectam os alunos das escolas secundárias públicas, bem como na discussão de possíveis soluções, incluindo o transporte escolar e os programas de saúde que proporcionam exames médicos gratuitos.

Exaustão física e fadiga

Um dos efeitos mais imediatos de caminhar longas distâncias é a exaustão física. Muitos alunos das escolas públicas caminham vários quilómetros todos os dias para chegar à escola, começando muitas vezes a viagem de manhã cedo. Quando chegam à escola, já estão cansados, o que afecta a sua capacidade de concentração, de participação nas aulas e de retenção de informação. O cansaço físico também diminui as capacidades cognitivas, como a concentração, a retenção da memória e a capacidade de resolução de problemas.

Para os estudantes que têm responsabilidades domésticas adicionais, como tarefas domésticas ou cuidar de irmãos mais novos, a rotina diária torna-se ainda mais difícil. A fadiga causada pelas caminhadas, combinada com o descanso limitado, leva a um declínio no desempenho académico, uma vez que estes estudantes não podem participar plenamente nas suas aulas.

Restrições de tempo e hábitos de estudo

Caminhar longas distâncias não só causa exaustão física como também reduz o tempo disponível para os alunos se concentrarem nos seus estudos. Muitos estudantes regressam a casa tarde da noite, deixando pouco ou nenhum tempo para rever as lições do dia ou completar os trabalhos. Esta limitação de tempo afecta a sua capacidade de acompanhar os colegas, uma vez que o estudo pessoal e a revisão são fundamentais para reforçar o que é ensinado nas aulas.

Os estudantes que vivem mais perto da escola ou têm acesso a transportes estão em vantagem, pois podem utilizar o tempo poupado nas deslocações para se concentrarem nos estudos. O tempo gasto nas deslocações diárias pode ser utilizado para fazer os trabalhos de casa ou para descansar, dois factores que contribuem significativamente para o sucesso académico.

Implicações para a saúde e a assiduidade escolar

O esforço físico de percorrer longas distâncias também afecta a saúde dos estudantes. A exposição a condições climatéricas adversas, como o calor, a chuva ou o pó, conduz frequentemente a doenças como a malária, infecções respiratórias ou exaustão pelo calor. Quando os alunos adoecem frequentemente, têm tendência a faltar à escola, o que leva a uma fraca assiduidade, com impacto direto no seu desempenho académico.

Nas escolas secundárias públicas, o absentismo devido a doença é um problema generalizado, sobretudo em zonas com acesso limitado a cuidados de saúde. Quando os alunos adoecem, muitas vezes não recebem cuidados médicos atempados, o que prolonga a sua ausência da escola. Este absentismo recorrente leva a que os alunos percam as aulas, o que dificulta o cumprimento das suas responsabilidades académicas.

Esforço mental e motivação

Percorrer longas distâncias também afecta o bem-estar mental dos estudantes. A rotina diária de acordar cedo e embarcar numa viagem cansativa para a escola gera stress, frustração e falta de motivação. Com o tempo, os alunos podem começar a ver a escola como um fardo e não como uma oportunidade, o que leva ao desinteresse pelos estudos.

Nas escolas, onde os recursos podem já ser escassos, a tensão mental causada pelas caminhadas pode ter um impacto duradouro. Os alunos desmotivados e mentalmente exaustos têm menos probabilidades de participar nas aulas, fazer os trabalhos ou levar os exames a sério. Este ciclo de desinteresse resulta num desempenho académico ainda mais fraco.

As escolas secundárias públicas situadas longe das casas dos alunos são das mais afectadas pela questão das caminhadas. Em muitos casos, os alunos percorrem longas distâncias a pé através de estradas pouco seguras ou mal conservadas para chegarem à escola. Esta situação não só sobrecarrega fisicamente os estudantes, como também suscita preocupações quanto à sua segurança, com as raparigas a correrem um maior risco de assédio ou outros perigos durante a viagem.

Nalgumas comunidades, os pais enfrentam frequentemente uma escolha difícil entre enviar os filhos para a escola, apesar dos riscos, ou mantê-los em casa, onde estão seguros, mas perdem a educação. Nestes casos, a longa distância até à escola torna-se um obstáculo significativo à educação dos alunos que frequentam as escolas públicas.

Soluções possíveis

Para abordar a questão das caminhadas e o seu impacto no desempenho académico dos estudantes, podem ser consideradas duas intervenções fundamentais: transporte escolar e programas de saúde que oferecem exames médicos gratuitos. Estas soluções destinam-se a reduzir o esforço físico das caminhadas e a resolver os problemas de saúde que contribuem para o absentismo e o fraco desempenho.

1. Transporte escolar

A introdução de transportes escolares para os alunos das escolas secundárias públicas é uma das formas mais eficazes de resolver o problema das caminhadas. A disponibilização de autocarros escolares para os alunos que vivem longe da escola reduziria consideravelmente o cansaço físico causado pelas longas caminhadas. Com o transporte disponível, os alunos podem chegar à escola descansados e melhor preparados para se dedicarem aos estudos.

Os governos federal, estadual ou local, em parceria com organizações não governamentais, poderiam financiar e implementar sistemas de transporte para as escolas. Mesmo em áreas onde os serviços de autocarros em grande escala podem não ser viáveis, soluções de menor escala, como a organização de sistemas de partilha de carros ou a utilização de bicicletas, poderiam ajudar a aliviar a carga sobre os alunos. A disponibilização de transportes não só melhoraria a assiduidade escolar, como também permitiria uma melhor concentração nas aulas, uma vez que os alunos deixariam de estar fatigados com as deslocações a pé.

2. Programas de saúde com exames médicos gratuitos

Para além de fornecerem transporte, as escolas secundárias públicas devem implementar programas de saúde que ofereçam exames médicos gratuitos aos alunos. Os exames regulares podem ajudar a detetar e tratar doenças precocemente, evitando ausências prolongadas devido a doença. Estes serviços médicos também ajudariam a identificar problemas de saúde comuns, como infecções respiratórias ou outras doenças causadas pela exposição durante as caminhadas, e a tratá-los antes que se agravem.

A implementação destas soluções práticas criaria um ambiente em que os estudantes podem concentrar-se nos seus estudos sem o fardo adicional da fadiga física e das preocupações com a saúde. A resolução destes desafios ajudará o governo a apoiar os estudantes a atingirem todo o seu potencial académico e a construírem uma base mais sólida para o futuro.

Imagem de Ugbede-Ojo D. Kadiri

Ugbede-Ojo D. Kadiri

Como especialista em informática médica, Kadiri lidera o desenvolvimento e a implementação de tecnologias de cuidados de saúde, partilha os seus conhecimentos através da liderança de ideias e promove o progresso no sector.

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